quinta-feira, 11 de agosto de 2011

o que carrega nos ombros?

ele não existe, não existe. e existe. persiste na sua salubridade noturna. madame quando acorda na aurora matinal com sua esfinge. e resiste sob seus escombros diários. ele olha azul, mas o seu olhar é negro como o seu medo de ficar no escuro. o que carrega nos ombros? até que ponto vai ser assim como um frio insuportável na madrugada do rio e suas curvas?

terça-feira, 9 de agosto de 2011

música

sabe quando arrepia. aquela música. aquela astúcia de se feliz. sabe quando a voz te arremata. que desata, te ata, destaca a possibilidade. sabe quando arrepia todos os poros da casa? quando a gente esquece que tem chão mais firmes sobre a melodia. sabe aquela música. aquela astúcia de ser feliz, eu vi aqui, agora.

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

sob o céu azul

a água está fugindo pelo ladrão. sob o céu azul. outro dia de sol depois da chuva. no inverno temperado daqui. perto do chão. sob o céu azul. outro amor abraça a pele fria. ele vivia na lembrança de ser feliz.

sábado, 23 de julho de 2011

amy

foi uma lágrima congelada no olhar. foi a amy. deprimente. ausente dela mesma. eita amy. volta amy. fica em casa. canta para a gente dormir. mas ela não dorme. não dorme. nem torce por ninguém. e vejo a lágrima congelada no olhar. e quero não ver a amy. alcoolizada. drogada. vestida de prada. despenteada. e voz inalterada. eita voz amy. eita voz. e nós o que faremos quando se for numa dessas noites de overdose?

Texto criado em 01/06/2008
adeus amy, sua música e voz vão ficar para sempre em nossos poros.

segunda-feira, 18 de julho de 2011

minha metade à porta

meu sorriso bate à porta. é essa metade que quer andar descalça sobre a grama. meu sorriso bate à porta. é minha metade que quer entrar. derrama a minha saudade de quando era criança. derrama a minha metade no repouso das minhas chamas. e meu perigo bate à porta. na contagem regressiva de voltar pra casa. pra infância da minha saudade. depois de sussurrar as lembranças por toda a parte. dilacerar minhas cantigas. antigas. vestidas de sol.

sábado, 2 de julho de 2011

estou de 7 meses

estou de 7 meses. nas vezes de não voltar. sopram todos os frios pela janela adentro. mercedes não quer chegar. ela ri da palavra. da calçada sonora. evapora o seu beijo no ar. e não se conteve mercedes, não se deteve no olhar.

no rio, estou de 7 meses. mas teve quem me quisesse mais. na lembrança doce do sorriso quente. perdi as vezes. às vezes é que mercedes adormece, me aquece, permanece na sala de casa. desaba o teto solar.

quinta-feira, 2 de junho de 2011

dias incertos

só na caneca preta tomo coragem. meu leite e meu chocolate quente. sempre na agonia de ser completo por inteiro. outra manhã fria de sol põe no lençol uma saudade de uma caneca cheia de palavras. e na caneca preta também tomo um silêncio profundo. é esse mundo inconsolável. só na caneca preta tomo colágeno. meu chá de cidreira e meu solvente quente. sempre na melancolia de uma infância que não é presente. é outra quinta-feira fria de outono-inverno. só na caneca preta a minha veia espreita sua overdose. minha osmose datada e as minhas vozes noturnas nesses dias incertos.

domingo, 29 de maio de 2011

"vez após vez"

agora fernando pessoa bate à porta. como quando álvaro de campos. como quando fala de estupidez e loucura. como quando fala do sentimento lógico de ser feliz. ou é tão simples quanto lógico? agora ele bate a ponta-pés. pés descalços e o desejo na mão. os olhos enchem as vértebras de impulso. o pulso. o pulso. o pulso. "vez após vez".

noite turva

garoa de boa no rio. no fio das seis horas. e molha. molha. telhado. brisa sonora. inunda o desvio. a curva. o arrepio. garoa de boa no rio.

minha noite turva. e a sua? minha noite luta contra a tempo. minha noite turva no mar noturno. ela inunda o mar-contorno. turva.

aqui de dentro vejo os acinzentados nas paredes da sala. a alegria de uma noite ganha. a absoluta solidão. fruta madura no gosto das coisas.

sofri de frios arredondados. de farsas de abrigo fácil. de passos de pés amarrados. quando você enche os olhos dói. ágil. demasiado em mim.

terça-feira, 17 de maio de 2011

desejo leblon

a caneca é preta. o casaco marrom. meus olhos vermelhos. desejo leblon. presa na leveza das minhas madrugadas frias do rio. caneca acesa ao leite. gosto marrom. sou feito de efeito. desejo leblon.

sexta-feira, 13 de maio de 2011

hoje tem um maio chuvoso

hoje tem um maio chuvoso. como quando deito no escuro de casa. a luz que passa na fresta da janela não cessa. não deixa parar. esta manhã só chora as suas águas. e de vez em quando, molham a minha calma. hoje tem um maio chuvoso dentro da mala. sem nenhuma viagem prevista. avisa a família que eu vou ficar.

segunda-feira, 9 de maio de 2011

os sabores do meu nono dia

no meu nono dia, batem à porta todas as saudades. é a esperança gritando lá fora pedindo pra entrar na sala de casa. no meu nono dia, tenho doce de leite na colher para adoçar a boca. outra doçura na mensagem do celular.

as lembranças também entram pela janela. é mikaela. natália e enne na veia. uma vez notícias suas. outra às dez e dezenove faz uma chamada de alegria. hoje é dia. hoje é via de mão dupla. fruta, furta essa saudade. fruta. suco. melancia. são os sabores do meu nono dia de maio.

sábado, 7 de maio de 2011

sétimo dia

no sétimo dia. alegria na via da contra mão. outro maio maior que meus desejos. na arrebentação dos mares mais agitados no outono-inverno do rio. minhas noites são frias. no sétimo dia, a alegria está na via da solidão. mais um maio maior que meus passos. na encenação.

segunda-feira, 2 de maio de 2011

no freio

você no trânsito, você no trânsito, não sabe o quanto que pode correr. deixa o carro. deixa o auto em casa. na garagem vazia. na barbeiragem sadia. de dia, de dia. pelo dia inteiro. você no freio, derradeiro motivo de ser meio-motorizado. parado, parado no âmbito dos sinais. sinal de tolice em pleno século 21. um adeus à sua burrice. da mesmice dos seus dias. e nesses dias de maio, de amenidades maiores, ainda menores desafios te alcançam. não te cansam essas vias lotadas? coladas no asfalto. sob o seu céu de olhares nulos. frutos do seu egoismo de vanguarda.

você no trânsito, você no balanço do seu pé esquerdo. no freio. no freio. que feio.

domingo, 1 de maio de 2011

saudade-rio

a paisagem do rio é escuta. ouça o som do mar. da lagoa. da lapa. o silêncio do rio é busca. miragem, miragem, vernisagem em toda a parte.

a paisagem do frio é sol turvo. rio no seu outono-inverno. céu plástico, abstrato. indivíduo-fato no gramado do flamengo. extrato em desuso.

a passagem não casa. não sai de casa. não passa da paisagem. não pára. não sara. não acalma. não falta. não furta. é o rio-escuta.

cutuca, cutuca. portuga. recruta a saudade. invade o rio. devolve anil em céu. dissolve anil em céu. resolve anil pro céu. saudade-rio.

sábado, 30 de abril de 2011

entre abril e maio

já vivi minhas noites de abril. sol. pesadelo estático. já dormi minhas noites de abril acordado. ensaio, ensaio, deitado. sono alcançado.

agora são os laços de maio. saio, fico, espraio, estico os passos, caio, atalho pro lado esquerdo de mais um dia cheio de cacos de mim.

agora são os prazos de maio. luar delgado, livros, feixes de luz, sus contentos, ventos, acertos, desfecho, lateja seu prazer, prazer.

e maio pousado por outras vias. libertaria meus dias acinzentados de alegria. finita, finita. maio sob as tintas de santa maria.

sexta-feira, 29 de abril de 2011

céu azul-outono-inverno

já se foi o beijo frio do rio ao amanhecer. o sol desbrava. acaba de queimar a pele. olhos alagados. poros. já se foi o frio do rio sem o seu beijo. meia manhã. meio sol. meio desejo. inteira só a parte que me cabe. arde. a tarde deverá chagar mais alta sob um céu azul-outono-inverno. tão perto como um beijo. no certo frio do rio ao anoitecer.

quinta-feira, 28 de abril de 2011

casca e conteúdo

não quero ser só casca na praça da cruz vermelha. inteira na derradeira tarde fria do rio. não deito. não durmo. não choro como o céu. só o mel dos teus lábios escorrega na boca de lobo. e não passa aquela vontade de ser só seu. casca e conteúdo.

quarta-feira, 27 de abril de 2011

hasta horas, na lapa

na lapa, chove. molha o gole. lata, garrafa. párabrisa. rua, mulata carioca. na lapa, chora a hora das seis e nove.

inunda os pés de santa tereza, na lapa. a calçada, na bebedeira. no samba das seis e doze. e chove na praça, na sala cecília em reforma.

chove na glória saindo da lapa. chora praça paris e fontes. mendigo, calçada, aposentada. da lapa se vê. lata, mulata cercada. samba ser.

chuva lava a lapa. altas. outras residências. arcos, mulatos cariocas. caças, presas, cerveja, certezas. inteira. na teia da lapa. leveza.

no samba da lapa, na gafieira, bondinho. chora a chuva na rua do lavradio. vadio sob o frio que passa. na lapa passa. vasta. hasta horas.

terça-feira, 26 de abril de 2011

você se importa?

e a chuva inunda o rio. no fio das horas. nas ruas lá fora. e a curva some turva. é a chuva. chuva. chuva. em suma, alagadas. as palavras, as palavras debaixo d'água. correm. movem. sofrem no vai e vem. e vão no rio. no fio das horas. nas ruas daqui de dentro agora. e a cama some turva. é lágrima. é chuva. é palavra. alagadas. é a lágrima debaixo d'água. nas vagas de mim. nos vazios do rio inundado. nas vias das portas. na minha vida torta.

e importam as curvas. retas. setas à mostra. e o sofá some turvo. é puro penar. turvo. futuro minar. e a chuva alcança o perímetro rio. no fio das sobras. nas ruas de abóbora. são as carruagens turvas. é a chuva, é a chuva, é a chuva. você se importa?

segunda-feira, 25 de abril de 2011

perímetro

um dia assim tão bonito. tão finito até o final da tarde. separa a carne. espírito. libido. despido no deserto do tolo amor.

um dia assim tão cheio de vestígio de mim. de minha solidão. de sentido. de estímulo. de acúmulo de sol. nesse extenso nó de perímetro.

segunda-feira, 18 de abril de 2011

domingo finito

no domingo é finito. nem chão, nem rumo. é divino são domingos. no vão. só no domingo. sem sua paixão.

findo num beijo, o domingo segue são. livrarias, lojas, pessoas, prosas. daqui de baixo, o céu parece finito nos olhos. e sua paixão, sua razão, sua palavra inundam o meu desejo.

segunda-feira, 4 de abril de 2011

gosto sem nome

uma explosão aqui. do lado de dentro. intento com gosto doce de inverno. e não tem nome. apenas inunda a boca numa explosão. do lado de fora, o doce se vai. frio sem pele. é esse gosto sem nome tão leve.

quarta-feira, 30 de março de 2011

ela é portuga

ela é portuga. ela é portuga? ou está em fuga por um amor deslumbrado? tem salgado suor nos seus lábios. sua curva vislumbra outros beijos roubados. ela está portuga. portuga. como quem inunda os olhos calados. risada tão pura. tão pura. tão alva como os dedos gelados. outra portuga não cura. maluca. saudade profunda por josé saramago.

sábado, 26 de março de 2011

passagem

noutro dia. noutra linha. noutra palavra escrita. num parabrisa sobre a pele. ando na contramão dos caminhos. noutro desatino parecido.

domingo, 20 de março de 2011

risco de felicidade no céu

vê o risco de felicidade no céu? vê? tá ali no céu como quando a gente risca o ar com o dedo. e some. some. some como a tua presença. e dói. dói no peito. é o vazio da sua ausência. que some. some. se ausenta. um risco no céu do teto da sala de casa. cala. cala a minha dor. será um risco de felicidade? estou em risco. no abismo de ser feliz. triz. por um triz.

sexta-feira, 18 de março de 2011

lá vai

eu quero que tudo vire uma palavra. uma porta. uma janela. uma aquarela. será que sou louco suicida? como os que fingem ser analfabetos em SIDA. eu quero que tudo vire uma partida. um parasita. agora passa essa vontade de ser coletivo. de abrigos para tsunamis de alegria. eu quero que tudo vire uma poesia. vazia. vazia. lá vai a mania de ser um só.

segunda-feira, 14 de março de 2011

trópico de capricórnio

sol no só de mim. só no sol de mim. solo no sol de só um fim. no solo. nos poros. olhos fechados. sol no só de mim destrancado.

trópico de capricórnio. tropical notório. sol de olhos amarelados. queimados. sol de olhos pra todos os lados. só de mim em teus lábios.

domingo, 13 de março de 2011

se eu não for

se eu não for sair. sair debaixo do nublado dos céus. se eu não for à praia, debaixo do nublado cinzento. se eu não for. não queira meus lábios tão perto. não queira o certo de mim. se eu não for, volto outro dia. me deixa cego esse clarão das manhãs sem sol. só. se eu não for, me deixe aqui. me deixe sob o teto branco de cimento do quarto. debaixo dos nublados seus.

quarta-feira, 9 de março de 2011

nino sobre a calçada

nino. banido do paraiso. livre pro perigo do céu azul. parecido menino crescido. nino. salvo dos dentes carnívoros. poros não sentem mais.

lugar perdido. é a certeza de ser um só. longe do abrigo do velho lençol de casa. de casa não se vê mais as ventanas de vidro. tudo acabou.

outra aurora fria entre raios de sol de desenho. dezembro passou. janeiro fincou a lembrança do nada. e no fevereiro há 9 dias correria mais.

levaria mais espaços dentro da bolsa. nino de vestido. nino despido. nino ferido. nino com um triz de felicidade nos lábios. doce na boca.

não tem poucas na recordação da cabeça. não tem. não sem antes sorrir um dedinho dessas lágrimas. não tem poucas do redondo das palavras.

nino banido do seu destino. criou outras prosas em suas estradas. os seus degraus. os seus degraus. águas que sobem suas escadas. apavoradas.

levaria mais outros cheiros na mala. da grama do quintal de casa. mas acabou. um intento. mas acabou sob o cimento. nino sobre a calçada.

terça-feira, 8 de março de 2011

terça de carnaval

escorrego o desejo no lábio. é terça de carnaval. construo meu texto afiado antes do grito final. sou chuva. fantasia. mulata. sua lata de cerveja gelada. que escorrega na cabeça. caveira, pirata, espantalho, macaco. hoje é terça, terça de carnaval.

sábado, 5 de março de 2011

fantasia

se soubesse que sua fantasia doía, te despia, me despia. e não correria sob a tempestade fria. parte de mim está sobre o colchão amanhecido. a outra parte, nos meus beijos vencidos. não saio de casa para ser só. banido de sorrir um pouco minhas alegrias. se soubesse que sua fantasia doía, me despia, te despia de mim.

sexta-feira, 4 de março de 2011

isso só passa na quarta

o que sobra das horas ultrapassa a terna lembrança. dança na corda bamba. anda coração abobado. não vê que te apavoram as vontades, o desejo de ser sorriso a dois? vambora pro bloco do juizo solto. tonto de saudade de casa. que isso só passa na quarta.

carnaval pela metade

há lúcida tristeza no céu cinzento do rio. arrepio na pele e outras alegrias. sob o dia, a curva da fala percorre a solidão. no chão, os pés descalços. há lúcida tristeza na alegria do arrepio. no rio, chuva fina. sina de quem busca a felicidade na cidade maravilhosa. chorosa num carnaval pela metade.

quinta-feira, 3 de março de 2011

vazo

piscina rasa. piscina rasa. me jogo de cabeça na piscina rasa. e racha. e sangra. quebra a lembrança. piscina rasa. enraizada no chão de casa. só um pedaço de mim porque meu texto é raso. vazo pelas as veias.

quarta-feira, 2 de março de 2011

evapora

chove no rio. chove no piu da noite. pingo-açoite. pingo-à-espreita. certa vez corri da latitude da chuva. da curva da próxima esquina. sina de vida. sina na tinta das horas molhadas. chove no rio. no piu do meu silêncio. chove de tinta as minhas horas. e evapora.

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

antes tarde do que nunca

embala a minha boca com a sua fantasia mais suja. só neste dia, só neste dia. nesta hora de agora. me deixa em desuso por vários dias. e me lambuza as vias. veias. teias de sabão. embala meus braços nos abraços dos seus descalços. sobre o asfalto. no alto da sua insanidade. invade. antes tarde do que nunca.

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

o que há de tão certo?

quantos aniversários ele perde? quantos seguem ele no twitter? e a mensagem, será que leu? será que seu egocentrismo passou pela porta da frente? será que se sente bem? quantos aniversários já fez? se lembrou, quais foram? e porque deixa a lembrança destrancada? ela escapa. ela escapa. por que ele não tem imã na pele? esse irmão, esse irmão sem derme. por que fere a si mesmo? esse inteiro vazio desmoronado. o que há de tão certo? sobre a pele, sobre os sapatos, sobre os dentes dele.

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

além do inverno

por que não se aprende. se rende. se teme nova ameaça. por que não se vira o leme noutra direção. piso no chão do mar. ando submerso a passos lentos. intento de não morrer, enxergar. ver além do inverno espesso.

domingo, 20 de fevereiro de 2011

não sou apenas abstrato

não me cuide. me descuide para que eu mereça seu conforto de lábios. escrevo quando estou são, quando me enriqueço de letras. você quer me sentir como quem deita e fecha os olhos, como quem entra e aquece os poros ou como quem come e engole tudo de vez? os três não valem, não cabem no bolso. mas se você estiver solto para amar, posso arrumar um bolsão de ar pra vc respirar mais ar e me encontrar.

posso ser um feliz aos braços. laços, laços, laços. você sabe dar um laço? e vc me laça? ou passa a vontade? ou ata a vontade pra nunca mais passar? impasse. impasse. aceita ou passa? se passo, você descalço voa para outros paraísos. não que eu prefira que fique, mas a vontade é de descalçar e ir ao voo com você. então, eu não passo a noite toda acordado. eu passo no encanto do lado direito do quarto, na cama. se prefere o esquerdo, eu te laço. se o direito, te peço um abraço para você ficar do mesmo lado. viu que não posso sumir quando não sou apenas abstrato?

controle aéreo

pousa aqui. ousa aqui. voa aqui. uma curva a frente. ventre. lente zoom. soa baixo. sussurro. escuro. lucro. puro sofrimento ardente. uma descida adiante. pouso. louco. outro dia ando mais perdido. limite fora de controle aéreo. leve.

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

escorrer

aflito. maldito fuso horário. sou concreto demais. concreto. exceto no vocabulário. nem notícias. fatos. um relato inacabado.

meu egoismo faz chover. ser eu mesmo. outro dia vou poder chorar assim um pouco mais. vou chover por mim mesmo. escorrer.

reto como as curvas. abusa o doce da minha pele. a lingua acusa a derme. escorrega. envenena as almas leves. reserve de mim.

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

litium

bondinhos se cruzam. lambuzam a visão. e na grama do flamengo se vê mais: céu anil, mar escuro do rio e litium no suor do corpo. pouco seu.

outro céu azul cruza o rosto queimado de sol. só quero a visão de ser feliz ali naquele postal de açúcar. de nunca perder.

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

vadio nos relatos

você é do tipo que calo. não paro de pensar. se está ou não está. do tipo que paro para não falar.

você é do tipo raro. do lado de onde eu vim. e vi como é frágil. arrumado nos lábios. quase algodão doce amargo. mais fácil de ingerir no intervalo.

mas sou do tipo que saio, amarrado nos cadarços. abro os cadeados. os scraps e os recados do celular. estou escorregadio. vadio nos relatos. assim assalto o armário e o chocolate amargo com castanha do pará.

de que lado você está?

sutura. procura avança. lança mão de ser feliz. procura. sutura alcança o coração. inútil passear na lapa. na lagoa. na gávea. corcovado. estou à procura. suturado. de que lado você está? isso só corrói. onde você está? sobre o mar? entre o rio e niteroi? sutura. estou à procura de outra loucura pra levar no bolso furado.

pela janela

só o sentimento passa pela janela. e nesse calor de 40 graus no rio, todos pulam pelas ventanas abertas. certas de voarem com o vento.

e só um sentimento passa pela janela. como se o vazio da paisagem coubesse nos olhos. os poros derretem e a derme estabelece uma sobra de desesperos.

e seu cheiro passa pela janela. como se inteiro não coubesse aqui dentro do peito. e o diafragma. o diafragma. mágica hora. evapora o sentimento bem lento. e pela janela sopro a aurora cálida e me deito sobre o horizonte neutro.

domingo, 6 de fevereiro de 2011

pipoca com canela

no aterro do flamengo tem pipoca com canela. do lábio até o céu da boca. é doce, doce. pipoca doce no lado parque da beira-mar. e ontem ela nem tava lá.

de canela pro aterro. no vermelho de anseio. nem veio o pipoqueiro. e se veio, se foi ligeiro.

sai da toca. sai da toca. e me espera com a pipoca. com canela doce do lábio até o céu da boca. será que fez pouca? ou se empirulitou para outros aterros de desejo?

sábado, 5 de fevereiro de 2011

acometer

é que a gente vai amortecendo. tendo que saltar de páraquedas. às vésperas de ser feliz. sob o céu claro de mar. quem diz?

amo aquele verso triste. amo aquele perto crime. licenciado pra cometer. acometer a pele. meter. vê que o espaço nem existe agora.

damata

ainda estranho damata. ainda preso a bicicletas, bolos e outras alegrias. ainda ouço cada palavra. ainda corro no verso comum. zoom.

ela não segue a linha. não "passa de ano". nesse sopro me perco no ar. nesse tanto autoral navego plugado. som de sair. ficar. dormir. calar.

segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

no corcovado

no corcovado há um lado puro de seu sorriso. paraliso na subida. preguiça de ir embora. por isso desisto. desisto.

no corcovado sorri suas purezas. natureza na cerca da mão. e do chão não se vê tão alto. passo no instante do beijo. sou seu desejo. e desejo. desejo.

no corcovado há o seu sorriso em estado puro. procuro. procuro. me inundo de ar. para lá da lagoa de freitas você se estreita pra me abraçar. de longe. de longe. mas bem perto do mar.

domingo, 23 de janeiro de 2011

nublado

no nublado das horas pode chover. pode ser que nem seja a hora. e uma fresta de azul pinta no céu cinzento. intento. invento. há tempos.

sou um canto regrado. desacreditado. outra hora apavora o meu medo de me afogar na chuva de agora. lembrei de tudo. puro desencanto.

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

linhas tortas

nem hoje parei de enxarcar o desejo. nem hoje que se chove na região serrana do rio. tão molhado. tão pingado de mim. tão marcado pra vir.

só contei as primeiras gotas. só somei. esgotei as poucas palavras. desejei mais afogar os lábios. mas sábias são as linhas tortas.

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

a estiagem e a enxente

a boca estava quente. mente, corpo e desejo latente. a boca estava entre a loucura e a sanidade. uma pouca verdade nessa hora. implora, implora e chora molhada. escorregadia no agora. a boca estava urgente. entre a estiagem e a enxente. mas não se afogou lá fora.

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

molhado

eu ainda nem nasci. nem vi o pôr-do-sol. nem senti o orvalho da manhã. nem sei se vou crescer. nem sei. vezes chove aqui dentro e me molho.

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

3 de janeiro

estou em outono/inverno. perto de congelar. estou no inferno gelado de um beijo. desejo. desejo. desejo que não morre. estou na sorte. corte. lote 3 de janeiro a vagar.

domingo, 2 de janeiro de 2011

doces da vovó

não tenho doces da vovó. nem closes em fotos. nem toco sua pele. não tenho vozes da vovó. nem cheiro. nem veio me buscar no meu aniversário. mas fui presente. lembrança ausente. vóz estridente ao telefone. não some, neguinho. não come bombom à noite. avisa pra todo mundo que me lembro e sinto falta. não falta quando chegar. me liga pra te encontrar. porque estou certa de que as portas estão abertas para você entrar. no rio, chove entre aqui e o mar.

sábado, 1 de janeiro de 2011

fez-se mar

agora que ele chegou. agora que foi por perto. agora que estou tão certo. por hora que nem penso em voltar. há uma aurora de sol que povoa, corta e que porosa deixa o sentimento de novo dia de novo ano. plano de ficar. plano para pisar. chamo com tom de voz como estivesse deserto. agora que estou tão certo. agora que já está. outrora dez. agora é vez. fez-se mar.