sábado, 30 de abril de 2011

entre abril e maio

já vivi minhas noites de abril. sol. pesadelo estático. já dormi minhas noites de abril acordado. ensaio, ensaio, deitado. sono alcançado.

agora são os laços de maio. saio, fico, espraio, estico os passos, caio, atalho pro lado esquerdo de mais um dia cheio de cacos de mim.

agora são os prazos de maio. luar delgado, livros, feixes de luz, sus contentos, ventos, acertos, desfecho, lateja seu prazer, prazer.

e maio pousado por outras vias. libertaria meus dias acinzentados de alegria. finita, finita. maio sob as tintas de santa maria.

sexta-feira, 29 de abril de 2011

céu azul-outono-inverno

já se foi o beijo frio do rio ao amanhecer. o sol desbrava. acaba de queimar a pele. olhos alagados. poros. já se foi o frio do rio sem o seu beijo. meia manhã. meio sol. meio desejo. inteira só a parte que me cabe. arde. a tarde deverá chagar mais alta sob um céu azul-outono-inverno. tão perto como um beijo. no certo frio do rio ao anoitecer.

quinta-feira, 28 de abril de 2011

casca e conteúdo

não quero ser só casca na praça da cruz vermelha. inteira na derradeira tarde fria do rio. não deito. não durmo. não choro como o céu. só o mel dos teus lábios escorrega na boca de lobo. e não passa aquela vontade de ser só seu. casca e conteúdo.

quarta-feira, 27 de abril de 2011

hasta horas, na lapa

na lapa, chove. molha o gole. lata, garrafa. párabrisa. rua, mulata carioca. na lapa, chora a hora das seis e nove.

inunda os pés de santa tereza, na lapa. a calçada, na bebedeira. no samba das seis e doze. e chove na praça, na sala cecília em reforma.

chove na glória saindo da lapa. chora praça paris e fontes. mendigo, calçada, aposentada. da lapa se vê. lata, mulata cercada. samba ser.

chuva lava a lapa. altas. outras residências. arcos, mulatos cariocas. caças, presas, cerveja, certezas. inteira. na teia da lapa. leveza.

no samba da lapa, na gafieira, bondinho. chora a chuva na rua do lavradio. vadio sob o frio que passa. na lapa passa. vasta. hasta horas.

terça-feira, 26 de abril de 2011

você se importa?

e a chuva inunda o rio. no fio das horas. nas ruas lá fora. e a curva some turva. é a chuva. chuva. chuva. em suma, alagadas. as palavras, as palavras debaixo d'água. correm. movem. sofrem no vai e vem. e vão no rio. no fio das horas. nas ruas daqui de dentro agora. e a cama some turva. é lágrima. é chuva. é palavra. alagadas. é a lágrima debaixo d'água. nas vagas de mim. nos vazios do rio inundado. nas vias das portas. na minha vida torta.

e importam as curvas. retas. setas à mostra. e o sofá some turvo. é puro penar. turvo. futuro minar. e a chuva alcança o perímetro rio. no fio das sobras. nas ruas de abóbora. são as carruagens turvas. é a chuva, é a chuva, é a chuva. você se importa?

segunda-feira, 25 de abril de 2011

perímetro

um dia assim tão bonito. tão finito até o final da tarde. separa a carne. espírito. libido. despido no deserto do tolo amor.

um dia assim tão cheio de vestígio de mim. de minha solidão. de sentido. de estímulo. de acúmulo de sol. nesse extenso nó de perímetro.

segunda-feira, 18 de abril de 2011

domingo finito

no domingo é finito. nem chão, nem rumo. é divino são domingos. no vão. só no domingo. sem sua paixão.

findo num beijo, o domingo segue são. livrarias, lojas, pessoas, prosas. daqui de baixo, o céu parece finito nos olhos. e sua paixão, sua razão, sua palavra inundam o meu desejo.

segunda-feira, 4 de abril de 2011

gosto sem nome

uma explosão aqui. do lado de dentro. intento com gosto doce de inverno. e não tem nome. apenas inunda a boca numa explosão. do lado de fora, o doce se vai. frio sem pele. é esse gosto sem nome tão leve.