quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

chocolate

chocolate me consome. na fome, me devora. na hora da tv ligada. no metrô. na calçada. na candelária. no aterro. chocolate no recheio. tão cheio. tão cheio. dentro só bate no receio. nesse receio do nada. ele veio. ele veio. inteiro e inteiro. chocolate no recheio. anseio que não passa.

domingo, 26 de dezembro de 2010

no rio, inteiro

atrativo. ativo. do lado esquerdo do peito. pulsa. pulsa. pulsa rápido. batuca o direito. direito não sou. sou do modo segurança. posso de um modo. passo para o outro lado. ativo. hiperativo. atrativo. de todos os lados do peito. batuca o terceiro tempo. no rio. no rio, inteiro. aos pés de janeiro.

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

natal

um natal sob o céu cinzento. sob os telhados seguros. sob os cobertores veludos. sob o caos do mundo. me inundo de saudade dos tempos da infância lotada de lembranças de casa.

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

me espalho

a felicidade é plena de desejos. ela busca corpos, olhos, dermes. meu desejo de felicidade arrodeia. escorregadia entre os dedos.

foi por um macro-desejo. um laço num beijo. e nem chega tão ligeiro. ligeiro. ligeiro. c h e g a d e v a g a r. um macro-lampejo.

quer saber quem veio? ligeiro como um lampejo? ele nem é tão perfeito assim. sorri com uma cor e sabor de chocolate. um cheiro de amor.

sou tão seu nesses lábios. nesses lagos macios. profundos como um arrepio. sou tão largo nesse seu sorriso, que me esvazio e me espalho.

domingo, 5 de dezembro de 2010

tempo

houve um tempo em que corria contra o tempo. agora não corro, morro de vontade de partir. e o tempo agora não move. love. love. love.

tem uma noite para cada espera. para hoje, um coração apertado, uma canção triste e um céu nublado. tem uma noite para ser feliz.

para a noite de amanhã nem vi crescer a espera. uma cor envolve a lembrança, a expectativa de ser feliz. é você, amor, sob a lua.

estou com sede dos teus lábios. como se água. numa falta sem fim. a hora nem passa, nem dias, nem a pauta de te ter aqui.

terça-feira, 30 de novembro de 2010

para colorir

como que se sorri com o sorriso de alguém assim? com nenhuma vantagem de estar perto, respirando o mesmo ar e cultivando cheiros. como se colore sua cor assim? com a vantagem de te ver a pele e a desvantagem de não tocar daqui. como chego? como encontro dois num só? um encontro para só sorrir e te colorir. numa realidade de sol com gosto de sonho bom.

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

caça

você me laça. passa pra me devorar. ata. agora só passa quando você chegar. não demora porque minha derme implora. e busca. caça.

sábado, 11 de setembro de 2010

você vem?

fome de ir embora. agora me devora a alma. enjaula a presa. certeza que vou definhar a cada segundo. estou no profundo que implora e chora.

o céu está tão estrelado que dá vontade de morder, arrancar um pedaço com a boca. e parece estar molhado como brilho de poça. a noite está solta.

também está frio como pele de louça. ouça da noite pouca coisa. aqui em terras frias as vias padecem. parecem felizes por alguém. você vem?

terça-feira, 7 de setembro de 2010

tristeza nº0

sobrei em todos os pedaços como se sangrassem os cacos. parti pro andar debaixo das ilusões. sons. canções. sansões. paixões que nem servem

há escuridão. mar. escuridão solar. coube no momento de estar só e na aventura de sonhar. causou meu medo de ser sempre um nó a atar.

não há laços. só pedaços. espaços vazios. frio de imensidão tamanho. chama meu nome sem me acordar.

estou chovendo por dentro. chovendo como num intento de se afogar. invento de beijos, céus e desejos. um vento de se levar. para lá. para lá.

tristeza em forma de palavra. alguém sabe de alguma?

tristeza nº1

não acabou a transgressão do céu. não acabou metade mim. estou cinzento-escuro. puro em sofrimento. acimentado de cabeça pra baixo.

um ano inteiro de choro alto cabe no mar do quintal de casa. setembro pena nas mãos do desejo. asa aberta, tempo firme pra vôo.

é um azul assim do avermelhado. um agrado sangrado na pele do céu. conheço esses azulejos que escorregam sem tocar.

o choro cresce? merece um choro alto? ataco sua saudade. das paredes a lembrança. do presente um retrato. você viu?

já é noite como quando o despertador não toca. sufoca aqui um cheiro amargo. estou espalhado demais pra me juntar. desamarrado.

parece. tece por inteira. solidão não mastiga. castiga o céu da boca. sem saliva, beijo, estocadas. não-estancada.

você sabia da minha tristeza? da beleza da minha tristeza? ainda tem tempo de me deter à teia. ainda está na minha veia. veja.

não gosto da saudade. gosto da maldade do agora. do cárcere perverso do prazer da cólera. estive feliz e pólvora povoa a língua por hora.

abri a caixa de bombom. se foi bom duas dúzias à marrom. saudade do tempo do som da ilusão. eu me enchia de bons motivos. estava são. são.

estou explosivo como um abismo. estou num intenso neologismo visceral. se mal soubesse de mim, nem me largaria à beira-mar. afogar. afogar.

o poeta sabe de si mesmo. de sua mesmice melancólica. das cólicas de amor. das dobras do fim do outono/inverno. inferno é saber tanto assim.

tristeza nº2

abraço sem lado oposto. louco de vontade. pela metade. querendo essa parte agora, a outra amanhã. de manhã, no café, no gosto da sua boca.

poucas horas para dormir. sobreviver sob o céu cinzento. quem vai adormecer no silêncio da solidão prefere um cobertor quente sobre a cama.

tristeza não passa. saca a arma e me acerta em alvo. tamanho gigante. sou eu diante do medo de me sentir só e consciente.

pena de ti que não me vê sozinho. pobre de mim que ainda busca teu olhar. prejuízo mansinho, devagarinho a alvejar. papapapapá.

o bem não cabe em mim. não cabe assim tão fácil. sou eu em desesperança. portátil. volátil. febril. não cabe o mal a mim assim cheio de amor.

tristeza nº3

não cabe o fim aqui. estrada. palavra. cor. sou eu desbotando sob o sol em desamor. no fim não cabe o mal. sal. suor. calor. quem de nós?

seu silêncio corrói os meus zelos. selos postais em fina dor. viajo aqui dentro dessas cartas extintas de papiro. prefiro aquilo de ser ator.

será que prefiro? será que é delírio de amor? será que suplico apenas um começo? será que estou inteiro demais pra você? exagero verdadeiro.

hora da fome do meio dia. é metade. é saudade inteira. é uma grande maldade deixar essa parte assim pela metade. xequemate.

tristeza nº4

estou em pauta poética. cética de estar bem. quando estou assim, estou mórbido, sórdido, perverso. desejando roubar a alma de alguém.

sexo. testo seu esperto sentido. sigilo. ligado e preciso. estou bíblico e preciso de castigo. vertígio é encontrar meu íntimo suspiro. você vem?

nem só fome. nem só some a tua presença. mas ainda muito resta e sobra e apavora, devora meu estado. estou na estadia da má-sorte arrebatado.

tristeza nº 5

cai a noite e agora a tristeza é mais severa. eu era da capital e já era. nem beijos nem mazelas. espera um dia entender de viver sem você.

desde ontem minha voz está no esquerdo de mim. enviezada. organizada nos textos. um pretexto perfeito pra te apaixonar. ou é melhor calar?

nem meu silêncio coube em mim. eu grito, esperneio, velejo no beijo do meu desejo. nem vejo, nem vejo você. cego. legolego pra sonhar.

quinta-feira, 24 de junho de 2010

o assunto foi felicidade

o assunto foi felicidade. um final de tarde de inverno. inferno astral. o assunto coube na verdade das palavras. pousou nos lábios a cada três segundos. era ele. era ele que dizia adeus. seus olhos eram estreitos. eram feitos de chuva. 'pura distração minha', pensara. bastava tudo aquilo quando não se é feliz. quando não se vê no caminho que escolheu aquelas pedrinhas que a oportunidade jogou pra nos indicar o caminho da felicidade. o assunto foi uma verdade nua e crua. assim mesmo, desse jeitinho que se conhece. derrete no lábio depois que se percebe que escapoliu. mil sensações. são feitas de infelicidade. o assunto acabou como a tarde.

sábado, 19 de junho de 2010

poros de cor

corre como de costume. corre quando se confunde. corre quando imune de cor. colori. colori você. vez em quando corri quando me acostumei, quando me confundi. e colori. colori vértebras perenes. nascentes derradeiras de dor. correm como de costume. correm quando nos confundem. imunidade plena de tons, sons, poros de cor. somem no fim da rua. suam as primárias quando nascem do amor.

sábado, 8 de maio de 2010

chove aos 31

estou num slow motion em dias de maio. como quando se chega aos 31. e cheguei. são 31 deles em dias terrosos. porosos. chorosos de chuva. com mínima de 11 graus em curitiba e risco de temporais ao norte fluminense ao espírito santo. 3 + 1 em 3G. geralmente corro. morro de saudade. uma nostalgia de infância que nunva vai passar. apenas sobra. torna recorrente. geralmente estou sob a chuva. curvas. curvas. se curvam sobre os dias. alegrias passageiras e sonhos exigentes demais. geralmente ao nono dia sofro de saudade do que não sei se me lembro ter havido dias melhores. chove.

quarta-feira, 21 de abril de 2010

chuva na janela

era tempo de chuva na janela. tempo de janela fechada. tempo de fachada molhada. tempo de dizer que é preciso usar meias pra dormir. era mesmo como uma tormenta. descansa e levanta as lembranças do tempo de criança.