domingo, 29 de maio de 2011

"vez após vez"

agora fernando pessoa bate à porta. como quando álvaro de campos. como quando fala de estupidez e loucura. como quando fala do sentimento lógico de ser feliz. ou é tão simples quanto lógico? agora ele bate a ponta-pés. pés descalços e o desejo na mão. os olhos enchem as vértebras de impulso. o pulso. o pulso. o pulso. "vez após vez".

noite turva

garoa de boa no rio. no fio das seis horas. e molha. molha. telhado. brisa sonora. inunda o desvio. a curva. o arrepio. garoa de boa no rio.

minha noite turva. e a sua? minha noite luta contra a tempo. minha noite turva no mar noturno. ela inunda o mar-contorno. turva.

aqui de dentro vejo os acinzentados nas paredes da sala. a alegria de uma noite ganha. a absoluta solidão. fruta madura no gosto das coisas.

sofri de frios arredondados. de farsas de abrigo fácil. de passos de pés amarrados. quando você enche os olhos dói. ágil. demasiado em mim.

terça-feira, 17 de maio de 2011

desejo leblon

a caneca é preta. o casaco marrom. meus olhos vermelhos. desejo leblon. presa na leveza das minhas madrugadas frias do rio. caneca acesa ao leite. gosto marrom. sou feito de efeito. desejo leblon.

sexta-feira, 13 de maio de 2011

hoje tem um maio chuvoso

hoje tem um maio chuvoso. como quando deito no escuro de casa. a luz que passa na fresta da janela não cessa. não deixa parar. esta manhã só chora as suas águas. e de vez em quando, molham a minha calma. hoje tem um maio chuvoso dentro da mala. sem nenhuma viagem prevista. avisa a família que eu vou ficar.

segunda-feira, 9 de maio de 2011

os sabores do meu nono dia

no meu nono dia, batem à porta todas as saudades. é a esperança gritando lá fora pedindo pra entrar na sala de casa. no meu nono dia, tenho doce de leite na colher para adoçar a boca. outra doçura na mensagem do celular.

as lembranças também entram pela janela. é mikaela. natália e enne na veia. uma vez notícias suas. outra às dez e dezenove faz uma chamada de alegria. hoje é dia. hoje é via de mão dupla. fruta, furta essa saudade. fruta. suco. melancia. são os sabores do meu nono dia de maio.

sábado, 7 de maio de 2011

sétimo dia

no sétimo dia. alegria na via da contra mão. outro maio maior que meus desejos. na arrebentação dos mares mais agitados no outono-inverno do rio. minhas noites são frias. no sétimo dia, a alegria está na via da solidão. mais um maio maior que meus passos. na encenação.

segunda-feira, 2 de maio de 2011

no freio

você no trânsito, você no trânsito, não sabe o quanto que pode correr. deixa o carro. deixa o auto em casa. na garagem vazia. na barbeiragem sadia. de dia, de dia. pelo dia inteiro. você no freio, derradeiro motivo de ser meio-motorizado. parado, parado no âmbito dos sinais. sinal de tolice em pleno século 21. um adeus à sua burrice. da mesmice dos seus dias. e nesses dias de maio, de amenidades maiores, ainda menores desafios te alcançam. não te cansam essas vias lotadas? coladas no asfalto. sob o seu céu de olhares nulos. frutos do seu egoismo de vanguarda.

você no trânsito, você no balanço do seu pé esquerdo. no freio. no freio. que feio.

domingo, 1 de maio de 2011

saudade-rio

a paisagem do rio é escuta. ouça o som do mar. da lagoa. da lapa. o silêncio do rio é busca. miragem, miragem, vernisagem em toda a parte.

a paisagem do frio é sol turvo. rio no seu outono-inverno. céu plástico, abstrato. indivíduo-fato no gramado do flamengo. extrato em desuso.

a passagem não casa. não sai de casa. não passa da paisagem. não pára. não sara. não acalma. não falta. não furta. é o rio-escuta.

cutuca, cutuca. portuga. recruta a saudade. invade o rio. devolve anil em céu. dissolve anil em céu. resolve anil pro céu. saudade-rio.