quarta-feira, 30 de março de 2011

ela é portuga

ela é portuga. ela é portuga? ou está em fuga por um amor deslumbrado? tem salgado suor nos seus lábios. sua curva vislumbra outros beijos roubados. ela está portuga. portuga. como quem inunda os olhos calados. risada tão pura. tão pura. tão alva como os dedos gelados. outra portuga não cura. maluca. saudade profunda por josé saramago.

sábado, 26 de março de 2011

passagem

noutro dia. noutra linha. noutra palavra escrita. num parabrisa sobre a pele. ando na contramão dos caminhos. noutro desatino parecido.

domingo, 20 de março de 2011

risco de felicidade no céu

vê o risco de felicidade no céu? vê? tá ali no céu como quando a gente risca o ar com o dedo. e some. some. some como a tua presença. e dói. dói no peito. é o vazio da sua ausência. que some. some. se ausenta. um risco no céu do teto da sala de casa. cala. cala a minha dor. será um risco de felicidade? estou em risco. no abismo de ser feliz. triz. por um triz.

sexta-feira, 18 de março de 2011

lá vai

eu quero que tudo vire uma palavra. uma porta. uma janela. uma aquarela. será que sou louco suicida? como os que fingem ser analfabetos em SIDA. eu quero que tudo vire uma partida. um parasita. agora passa essa vontade de ser coletivo. de abrigos para tsunamis de alegria. eu quero que tudo vire uma poesia. vazia. vazia. lá vai a mania de ser um só.

segunda-feira, 14 de março de 2011

trópico de capricórnio

sol no só de mim. só no sol de mim. solo no sol de só um fim. no solo. nos poros. olhos fechados. sol no só de mim destrancado.

trópico de capricórnio. tropical notório. sol de olhos amarelados. queimados. sol de olhos pra todos os lados. só de mim em teus lábios.

domingo, 13 de março de 2011

se eu não for

se eu não for sair. sair debaixo do nublado dos céus. se eu não for à praia, debaixo do nublado cinzento. se eu não for. não queira meus lábios tão perto. não queira o certo de mim. se eu não for, volto outro dia. me deixa cego esse clarão das manhãs sem sol. só. se eu não for, me deixe aqui. me deixe sob o teto branco de cimento do quarto. debaixo dos nublados seus.

quarta-feira, 9 de março de 2011

nino sobre a calçada

nino. banido do paraiso. livre pro perigo do céu azul. parecido menino crescido. nino. salvo dos dentes carnívoros. poros não sentem mais.

lugar perdido. é a certeza de ser um só. longe do abrigo do velho lençol de casa. de casa não se vê mais as ventanas de vidro. tudo acabou.

outra aurora fria entre raios de sol de desenho. dezembro passou. janeiro fincou a lembrança do nada. e no fevereiro há 9 dias correria mais.

levaria mais espaços dentro da bolsa. nino de vestido. nino despido. nino ferido. nino com um triz de felicidade nos lábios. doce na boca.

não tem poucas na recordação da cabeça. não tem. não sem antes sorrir um dedinho dessas lágrimas. não tem poucas do redondo das palavras.

nino banido do seu destino. criou outras prosas em suas estradas. os seus degraus. os seus degraus. águas que sobem suas escadas. apavoradas.

levaria mais outros cheiros na mala. da grama do quintal de casa. mas acabou. um intento. mas acabou sob o cimento. nino sobre a calçada.

terça-feira, 8 de março de 2011

terça de carnaval

escorrego o desejo no lábio. é terça de carnaval. construo meu texto afiado antes do grito final. sou chuva. fantasia. mulata. sua lata de cerveja gelada. que escorrega na cabeça. caveira, pirata, espantalho, macaco. hoje é terça, terça de carnaval.

sábado, 5 de março de 2011

fantasia

se soubesse que sua fantasia doía, te despia, me despia. e não correria sob a tempestade fria. parte de mim está sobre o colchão amanhecido. a outra parte, nos meus beijos vencidos. não saio de casa para ser só. banido de sorrir um pouco minhas alegrias. se soubesse que sua fantasia doía, me despia, te despia de mim.

sexta-feira, 4 de março de 2011

isso só passa na quarta

o que sobra das horas ultrapassa a terna lembrança. dança na corda bamba. anda coração abobado. não vê que te apavoram as vontades, o desejo de ser sorriso a dois? vambora pro bloco do juizo solto. tonto de saudade de casa. que isso só passa na quarta.

carnaval pela metade

há lúcida tristeza no céu cinzento do rio. arrepio na pele e outras alegrias. sob o dia, a curva da fala percorre a solidão. no chão, os pés descalços. há lúcida tristeza na alegria do arrepio. no rio, chuva fina. sina de quem busca a felicidade na cidade maravilhosa. chorosa num carnaval pela metade.

quinta-feira, 3 de março de 2011

vazo

piscina rasa. piscina rasa. me jogo de cabeça na piscina rasa. e racha. e sangra. quebra a lembrança. piscina rasa. enraizada no chão de casa. só um pedaço de mim porque meu texto é raso. vazo pelas as veias.

quarta-feira, 2 de março de 2011

evapora

chove no rio. chove no piu da noite. pingo-açoite. pingo-à-espreita. certa vez corri da latitude da chuva. da curva da próxima esquina. sina de vida. sina na tinta das horas molhadas. chove no rio. no piu do meu silêncio. chove de tinta as minhas horas. e evapora.