sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

antes tarde do que nunca

embala a minha boca com a sua fantasia mais suja. só neste dia, só neste dia. nesta hora de agora. me deixa em desuso por vários dias. e me lambuza as vias. veias. teias de sabão. embala meus braços nos abraços dos seus descalços. sobre o asfalto. no alto da sua insanidade. invade. antes tarde do que nunca.

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

o que há de tão certo?

quantos aniversários ele perde? quantos seguem ele no twitter? e a mensagem, será que leu? será que seu egocentrismo passou pela porta da frente? será que se sente bem? quantos aniversários já fez? se lembrou, quais foram? e porque deixa a lembrança destrancada? ela escapa. ela escapa. por que ele não tem imã na pele? esse irmão, esse irmão sem derme. por que fere a si mesmo? esse inteiro vazio desmoronado. o que há de tão certo? sobre a pele, sobre os sapatos, sobre os dentes dele.

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

além do inverno

por que não se aprende. se rende. se teme nova ameaça. por que não se vira o leme noutra direção. piso no chão do mar. ando submerso a passos lentos. intento de não morrer, enxergar. ver além do inverno espesso.

domingo, 20 de fevereiro de 2011

não sou apenas abstrato

não me cuide. me descuide para que eu mereça seu conforto de lábios. escrevo quando estou são, quando me enriqueço de letras. você quer me sentir como quem deita e fecha os olhos, como quem entra e aquece os poros ou como quem come e engole tudo de vez? os três não valem, não cabem no bolso. mas se você estiver solto para amar, posso arrumar um bolsão de ar pra vc respirar mais ar e me encontrar.

posso ser um feliz aos braços. laços, laços, laços. você sabe dar um laço? e vc me laça? ou passa a vontade? ou ata a vontade pra nunca mais passar? impasse. impasse. aceita ou passa? se passo, você descalço voa para outros paraísos. não que eu prefira que fique, mas a vontade é de descalçar e ir ao voo com você. então, eu não passo a noite toda acordado. eu passo no encanto do lado direito do quarto, na cama. se prefere o esquerdo, eu te laço. se o direito, te peço um abraço para você ficar do mesmo lado. viu que não posso sumir quando não sou apenas abstrato?

controle aéreo

pousa aqui. ousa aqui. voa aqui. uma curva a frente. ventre. lente zoom. soa baixo. sussurro. escuro. lucro. puro sofrimento ardente. uma descida adiante. pouso. louco. outro dia ando mais perdido. limite fora de controle aéreo. leve.

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

escorrer

aflito. maldito fuso horário. sou concreto demais. concreto. exceto no vocabulário. nem notícias. fatos. um relato inacabado.

meu egoismo faz chover. ser eu mesmo. outro dia vou poder chorar assim um pouco mais. vou chover por mim mesmo. escorrer.

reto como as curvas. abusa o doce da minha pele. a lingua acusa a derme. escorrega. envenena as almas leves. reserve de mim.

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

litium

bondinhos se cruzam. lambuzam a visão. e na grama do flamengo se vê mais: céu anil, mar escuro do rio e litium no suor do corpo. pouco seu.

outro céu azul cruza o rosto queimado de sol. só quero a visão de ser feliz ali naquele postal de açúcar. de nunca perder.

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

vadio nos relatos

você é do tipo que calo. não paro de pensar. se está ou não está. do tipo que paro para não falar.

você é do tipo raro. do lado de onde eu vim. e vi como é frágil. arrumado nos lábios. quase algodão doce amargo. mais fácil de ingerir no intervalo.

mas sou do tipo que saio, amarrado nos cadarços. abro os cadeados. os scraps e os recados do celular. estou escorregadio. vadio nos relatos. assim assalto o armário e o chocolate amargo com castanha do pará.

de que lado você está?

sutura. procura avança. lança mão de ser feliz. procura. sutura alcança o coração. inútil passear na lapa. na lagoa. na gávea. corcovado. estou à procura. suturado. de que lado você está? isso só corrói. onde você está? sobre o mar? entre o rio e niteroi? sutura. estou à procura de outra loucura pra levar no bolso furado.

pela janela

só o sentimento passa pela janela. e nesse calor de 40 graus no rio, todos pulam pelas ventanas abertas. certas de voarem com o vento.

e só um sentimento passa pela janela. como se o vazio da paisagem coubesse nos olhos. os poros derretem e a derme estabelece uma sobra de desesperos.

e seu cheiro passa pela janela. como se inteiro não coubesse aqui dentro do peito. e o diafragma. o diafragma. mágica hora. evapora o sentimento bem lento. e pela janela sopro a aurora cálida e me deito sobre o horizonte neutro.

domingo, 6 de fevereiro de 2011

pipoca com canela

no aterro do flamengo tem pipoca com canela. do lábio até o céu da boca. é doce, doce. pipoca doce no lado parque da beira-mar. e ontem ela nem tava lá.

de canela pro aterro. no vermelho de anseio. nem veio o pipoqueiro. e se veio, se foi ligeiro.

sai da toca. sai da toca. e me espera com a pipoca. com canela doce do lábio até o céu da boca. será que fez pouca? ou se empirulitou para outros aterros de desejo?

sábado, 5 de fevereiro de 2011

acometer

é que a gente vai amortecendo. tendo que saltar de páraquedas. às vésperas de ser feliz. sob o céu claro de mar. quem diz?

amo aquele verso triste. amo aquele perto crime. licenciado pra cometer. acometer a pele. meter. vê que o espaço nem existe agora.

damata

ainda estranho damata. ainda preso a bicicletas, bolos e outras alegrias. ainda ouço cada palavra. ainda corro no verso comum. zoom.

ela não segue a linha. não "passa de ano". nesse sopro me perco no ar. nesse tanto autoral navego plugado. som de sair. ficar. dormir. calar.