sempre há outras palavras. na calçada, uma caneca preta. na fala, uma dose certa. na espera, uma saudade de casa.
domingo, 21 de setembro de 2008
o menino que nasceu no dia nove de maio
Raio no chão. Árvores. Flores. A casa: foi demolida. Triste dia. Alguns choraram as paredes. Os prendedores de rede. Sede. E chuva também cai. “Sai da chuva, menino!!”, grita Zélia: mãe, doce, meiga, cega, com bengala na mão. Ouviu menino chorar, correr porta adentro. Escuridão, mas aguçado ouvido. Livro em braile São Sebastião e O Banquete de Platão. Numa estante. Na mesa. Em qualquer parte. Arte de encontrar sem poder ver. Datado dia: nove, de algum mês de maio. Alguma carta chegara. O carteiro entrega na porta. Prosa boa com destinos. Toma chuva, corre a outro casebre. Pele molhada e envelopes secos: mais que função. Aquela era uma carta para um dia de maio, se presume, tão cedo. Apelo pra quem se sente só. E só rasga a beirinha. Tira-se as fininhas folhas: algumas páginas. Era mesmo para um dia de maio. E saio contente sob a chuva. Fui demolido também. E fico olhando o “xis” que faz o pingo quando “atrita” com a poça. E volto a olhar a casa, no chão.
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